Palavra do Autor
Este manual foi escrito para mostrar os vários tipos de recados, bilhetes
ou outros, que as pessoas costumam deixar escritas, para que outras leiam.
Alguns são cômicos, outros trágicos, mais a maioria mostra que são inúteis ou
tudo isso junto.
Alguns nomes, quando aparecem, são
apenas fictícios e estão assinalados. Não quero com este Manual menosprezar
ninguém e se alguém se identificar com algum deles, me perdoe, pois não é nada
pessoal. Como se trata de um manual fique a vontade para aprender e usar os
recados ou bilhetes que lhes convierem.
Queria poder manter alguns como
foram encontrados, originais, mas, a maioria já estava estragada, outros por
causa da caligrafia, que poderia ser reconhecida, e também por dificultar a
impressão, sem falar nas correções ortográficas que foram feitas, tornou-se
então impossível.
1 - Bilhete anônimo, encontrado por um garçom na mesa de um bar.
Hoje, os problemas vieram morar em
minha cabeça. Aquele amor já esquecido voltou a habitar em minha mente. As
lembranças de Helena e de Jasmim não saem do meu pensamento. Tem também as
contas de água, de luz e a conta do bar que ficam martelando aqui no meu
cérebro. Tudo está uma confusão aqui dentro e o João Maluco ainda tenta estourar
os meus miolos por dentro.
E logo abaixo no
mesmo bilhete estava escrito com outra caligrafia:
Cobra aluguel deste povo todo que
eles saem daí.
Crítica e conclusão do autor:
O garçom jurou que não foi ele que deu a resposta, e disse que não viu mais
o cara do bilhete, nem os moradores da cabeça do sujeito. Ele também não sabe
quem é este João Maluco, mas acha que é uma pinga misturada com licor de menta
e conhaque que o sujeito tomava.
Tem gente que não consegue viver em
sociedade e com essa mistura que o cara toma qualquer um fica louco mesmo.
2 - Encontrado na prova de Historia de um
aluno de quinze anos:
Professora, eu te amo muito, desde
a primeira vez que te vi eu te amo, a paixão é tanta que nem consigo raciocinar
e fazer a prova.
Resposta da
professora após a correção da prova:
Eu também te amo. Porém nosso amor
é impossível, já sou casada e meu marido não é burro.
Crítica e conclusão do autor: O aluno
tirou zero.
Ele amou de mais a pessoa errada. Professora Ingrata.
3 – Encontrado em uma prova de
matemática de uma aluna de dezesseis anos.
Deus abençoe esta professora,
marido e filhos, dê muita saúde, felicidade e dinheiro para eles.
Obs.: Estou pedindo para ela já que
pra mim não deu certo mesmo, e dizem que se pedir para os outros sempre dá
certo. Amém.
Crítica e conclusão do autor:
A aluna tirou cinco na prova.
Se ela tivesse pedido também pelos
pais e irmãos da professora, acho que tiraria uma nota sete. È bom saber que
ainda existem pessoas que não são interesseiras e que pedem aos Céus pelos
outros.
4 – Encontrada, pelo marido,
colado em um portão de residência.
Chico não venha hoje. Meu marido
vai chegar e não vai querer você aqui.
O marido chega encontra este bilhetinho no portão da sua casa. Ele vai
pensar o que?
Não fiquei sabendo também se a mulher apanhou ou se houve divórcio.
Crítica e conclusão do autor: O marido
não pode tirar nenhuma conclusão apressada:
- será que era a
caligrafia da sua esposa? Alguém pode ter colocado o bilhete no portão só para
estragar a felicidade daquele lar, inveja;
- a mulher não
seria tão burra de por um bilhete no portão avisando ao amante que o marido
chegaria, sabendo que este iria chegar. Ou seria? Burrice;
- o Chico a qual
ela se referia poderia ser o outro Chico, ‘aquele’ que vem todo mês. Não
poderia? “Chico, não vem não, meu marido esta chegando, dá um tempo.” Amor pelo
marido.
5 – Três bilhetes distintos,
encontrados na geladeira de uma residência.
Mãe, eu fui até a casa do Beto
(fictício) fala pro pai que levei o carro.
Pai sai com seu carro, fala pra mãe
que eu fui até a casa do Beto.
Lucas (fictício) fala pro pai que
eu peguei o carro e fala para ele falar para mãe que eu fui até a casa do Beto
e se você falar com a mãe fala que eu fui até a casa do Beto e para ela falar
para o pai que eu peguei o carro.
Crítica e conclusão do autor:
Alguém me disse que o bilhete para mãe estava grudado com um imã de
geladeira em formato de coração, o do pai em formado de um litro de cachaça e o
do irmão um patinho amarelo.
O rapaz é bem comunicativo, gosta de tudo
muito bem explicado, pelo jeito respeita muito o pai e a mãe, além de gostar
muito do amigo e zelar pelo seu lar que é muito importante, bla bla bla, etc.
Ele não foi até a casa do tal Beto, foi namorar. Não tinha carta. Bateu o
carro. Tirem suas próprias conclusões.
6 – Bilhetinho anônimo encontrado
no caderno de uma adolescente, cujo nome era Fer (fictício).
Fer gosto de você, mas to ficando
com a Lê, quando nós terminarmos, vou ficar com você. Me espera.
Crítica e conclusão do autor:
A menina rasgou o bilhete. Tive que colar para ler.
O rapazinho não é nada bobo, está com uma pensando na outra, querendo as
duas, e não quer que esta fique com outro. É o popular: um olho no peixe outro
no gato. Esta com uma querendo a garantia da outra.
7 – Encontrado por uma esposa
perto do telefone.
Janaina (fictício) faz aquela
feijoada, gostosa. Não vou demorar, mas depois do trabalho vou tomar uma
cerveja com o Geraldo (fictício) e depois vamos fazer amor. Eu também te amo.
Aqui, o poder da informação está de novo a nos açoitar. Saber se
comunicar é realmente uma arte. Saber colocar a pontuação certa também é
primordial.
Crítica e conclusão do autor: Está
é bem confusa. Quem é que é gostosa? A feijoada que esta senhora faz, ou ela.
Com quem o sujeito vai fazer amor, com sua esposa ou com o tal do Geraldo. E o:
“Eu também te amo”, quer dizer que
ele além de tudo isto, da feijoada, do trabalho, da cerveja, ele ainda ama sua
esposa, ou a ama também assim como ama o Geraldo? Ou será que antes dele sair
ela lhe disse que o amava e ele esta respondendo? Bem, ela entendeu. E, depois
de tomar cerveja e comer uma feijoada o cara vai é dormir. Tire suas conclusões
meu caro leitor.
8 – Bilhete de um provável
suicida.
Minha vida esta uma Merda. A Tina
(fictício) me trocou por aquele cachorro do Lino (fictício). Meu patrão é um
crápula. O melhor é dar o fim logo nisto.
Crítica e conclusão do autor:
Foi encontrado por um faxineiro no pátio de uma empresa, mas nenhum
trabalhador desapareceu, ainda.
O jeito é esperar mais um pouco e ver se aparece algum corpo. Pode ter
sido alguém só desabafando. E o “O melhor é dar o fim logo nisto”, pode ser só
terminar um trabalho.
9 – Recado que fora escrito na
parede de um banheiro de rodoviária.
Aqui escondidos, todos fazem o que
todos sabem que fazem, e deixam o cheiro para que os outros sintam que os seus
cheiros são iguais aos dos outros. Porém não gostamos dos cheiros dos outros,
mas suportamos os nossos. Lia (fictício) volta! Sinto falta do seu cheiro.
Crítica e conclusão do autor: é
um filosofo, e tem razão do que
escreveu, porém quem é esta tal de Lia, e o que ela tem a ver com o assunto? De
qual cheiro ele está se referindo?
10 – Encontrado, pasmem, em uma
caixinha de doações em uma igreja.
12, 17, 32, 48, 49 e 52, são esses,
agora faça sua parte.
Crítica e conclusão do autor:
Não vou dizer quem me mostrou, é muito pessoal.
Um lugar estranho para se por um bilhete. Pretensão deste sujeito de
escolher os números e dizer, “agora faça sua parte” ou “agora se vira”. Não vou
negar que já pensei nisto também.
11 – Encontrada escrito na parede
do banheiro de um bar.
"Bebo porque é liquido. Se fosse
sólido, comê-lo-ia"; se fosse pó, cheirá-lo-ia; se fosse enrolado,
fumá-lo-ia, se fosse gás, respirá-lo-ia; se fosse aerossol, espirrá-lo-ia na
garganta e se fosse um gel, esfregá-lo-ia em minha língua.
Jânio
Crítica e conclusão do autor:
Não contente do que disse o Jânio Quadros, ele criou algo a mais e ainda
assinou com o nome Jânio.
É mais um poeta e gosta mesmo de tomar umas e outras. Será que ele se
chama Jânio mesmo? Ou será que é Gênio? Se eu o conhecesse cumprimentá-lo-ia.
12 – Recados em forma de frases.
Encontrados em uma carteira de um curso de teologia.
Quem com ferro fere, com ferro será ferido,
a menos que more na casa do ferreiro, porque lá o espeto é de pau.
Os últimos serão os primeiros, a não ser se
for um louco matando todo mundo, antes de se suicidar ele será o primeiro a
matar e o último a morrer.
Crítica e conclusão do autor: Não
tem nem o que falar.
13 – Foi escrita em uma mesa onde
funciona um AA.
A mesma mão que te puxa quando você
está à beira do abismo pode ser a mesma que pode te empurrar depois.
Crítica e conclusão do autor:
Alguém não está seguindo as regras do AA.
Ou esta pessoa está mal intencionada ou desconfiada de alguém
14 – Bilhete anônimo encontrado em
uma caixa de sugestões em uma escola técnica.
Uma mulher é pouco, duas dá muita
despesa e três sogras ninguém merece.
Crítica e conclusão do autor: Este
rapaz está morto nas mãos da viúva.
15 - Encontrado sobre um Túmulo
onde o epitáfio dizia o seguinte:
Aqui jaz um Homem generoso e bom
pai, bom marido e um exemplo de amigo.
O recado dizia o seguinte:
Você pintou no lugar errado o certo
é esse azul ao lado.
Crítica e conclusão do autor: O
pintor pintou no local errado.
Alguém já disse tudo.
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